quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As razões de criar uma Fundação

A Vox Populi foi criada, por mim e pela minha esposa, em 2008, mas a ideia de criar a Fundação já pairava no meu espírito há muito tempo. Eu queria criar um a Fundação genuína e interventiva aproveitando toda a minha experiência profissional de 35 anos na área de estudos de opinião. Tinha o exemplo do Ibope no Brasil, que criou uma Fundação para usar a pesquisa de opinião como uma forma de intervenção social, nomeadamente através de apoio a programas escolares para a realização de inquéritos locais. Nós já iniciámos uma parceria com eles, e estamos à procura de escolas secundárias portuguesas que queiram implementar esses programas.

Houve também, desde a primeira hora, a preocupação de olhar para os Portugueses que vivem no estrangeiro, e que nós tão mal conhecemos, pois não sabemos quem são, o que pensam, e que relações têm com Portugal e com a Alma portuguesa. E já realizámos, e vamos publicar em breve, o primeiro estudo em França, e queremos realizá-lo em outros países.

Queremos também recolher a opinião dos jovens universitários, e estamos a iniciar o projecto Campus Explorer, com inovações nos temas a tratar e na metodologia da inquirição.

Vamos utilizar as ferramentas de recolha de opinião para auscultar os portugueses e para conhecer a sua sensibilidade relativamente às grandes questões da actualidade. Já lançamos, com o apoio da Marktest, o "Índice Vox Populi" em que os portugueses avaliam regularmente e de forma multifacetada, o “estado da nação”, e estamos a preparar o lançamento de um indicador do "bem-estar" dos portugueses, uma espécie de PIB da Felicidade.

Uma outra vertente da Fundação prende-se com apoio a causas ligadas à sustentabilidade e ao apoio ao desenvolvimento de zonas deprimidas. Neste domínio estamos a apoiar uma associação (Associação Rio Vivo) para contrariar a desertificação de uma freguesia rural (S. Pedro do Rio Seco), e, com esse objectivo, vamos lançar pelo segundo ano consecutivo um prémio para estimular o aparecimento de ideias: o prémio Ribacôa.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ser solidário

O homem é um ser eminentemente social, e a solidariedade ou a tendência a partilhar com os outros é um impulso natural do ser humano adulto e incondicionado. E, no nosso país, nós vemos multiplicados os exemplos de pessoas com sucesso que, em determinada altura da sua vida, decidiram entregar uma parte dos seus bens para ajudar a comunidade ou para apoiar causas sociais, artísticas ou culturais.

São gestos semelhantes aos que ocorriam na Idade Média que permitiram construir catedrais, igrejas, monumentos ou aos dos mecenas que, no Renascimento, apoiavam e protegiam os artistas. Serão, porventura, estes gestos formas de agradecimento: o empresário, o empreendedor, o artista ou o escritor que acumulam riqueza, assumindo riscos, sabem ter tido, muitas vezes, a boa estrela ao seu lado, ou que o factor sorte os ajudou a construir o seu sucesso. E aquela generosidade será uma forma de agradecer as benesses recebidas.

Haverá motivações de vária natureza, políticas, religiosas, clubísticas ou bairrísticos que impelem à solidariedade. Mas a verdade é que chega na vida de cada um de nós um momento em que nos apercebemos com mais acuidade da transitoriedade da vida, do escasso valor dos bens materiais, e é nesse momento, e face a esse sentimento, que aqueles que têm possibilidade de o fazer, podem ser decidir ser solidários.

Mas tenho constatado, através dos exemplos que todos conhecemos, que são sobretudo as pessoas que criam directamente a riqueza com o seu esforço e o seu trabalho que normalmente a repartem com os outros. Vejo, por exemplo, mais frequentemente um empresário que trabalhou e acumulou riqueza toda a sua vida praticar actos de solidariedade, do que os herdeiros das grandes fortunas, e que pouco ou nada fizeram para as angariar. E isto, quanto a mim, mostra que esses empreendedores não são, nas suas realizações, apenas motivados pelo dinheiro e pela ambição.

No mundo competitivo dos negócios, às vezes, as vitórias de uns são conseguidas à custa das derrotas de outros. E a acumulação da riqueza, resulta da contribuição do trabalho de muitas pessoas, para além do empresário que dela usufrui. E há uma altura na vida das pessoas que pode surgir o impulso reconhecer esse contributo, e a forma encontrada para tal consiste em "devolver" à sociedade parte daquilo que ela lhes deu.

Em alguém, como foi o meu caso, que nasceu numa família humilde de uma aldeia do interior, e que singrou a pulso pela vida fora, congregam-se muitos dos motivos que apontei para ser solidário. Eu conheci os tempos de escassez, tive ambição de ir mais além, arrisquei e fui beneficiado pela sorte, tive o privilégio de ter encontrado colaboradores excepcionais que me ajudaram. E ainda por cima fiz na vida o que gostava, e tenho uma família que sempre me apoiou.

Por isso, e de alguma forma, eu tinha de agradecer.